quinta-feira, 18 de janeiro de 2024

Amigo Leal

Foste irmão, companheiro e sincero...
Amigo, quando foi que nós nos víamos,
Todas as vezes que o amor dividíamos,
Ao arrebatar-me do abissal mortífero?

E em tua bondade, amigo herói e leal,
Rompeste dificuldades, dividia o pão;
No auge das festas, e da míope ilusão,
Na febre medonha, do delírio mortal...

Ouço, não acredito, duvido, choro!
Da voz do infortúnio, silente, desabo!
Fecho os olhos, a dor enluta, oro...

Amarga tristeza nessa desgraçada luta...
Perdi o irmão para a cabalística Morte!
Hei de beber o fel, à ele coube cicuta...

         

quarta-feira, 17 de janeiro de 2024

Anseios

 Ardia n'alma os instintos racionais
E os anseios pelo enigma do futuro
–As respostas que na vida inda procuro
No entanto para mim fundamentais

Eis que outrora, andarilho pelo mundo
No martírio, como outrora foi o Cristo
Mas na terra como Judas fui proscrito
Com as chagas, rejeitado, moribundo

Inda lembro das migalhas na mesa,
Aquelas onde Cristo desdenhou;
As sobras que o faminto não provou

Mas essa obstinação fortalecida
Com a toda fé, de alma e coração
É a centelha, que inspira essa oração!


sexta-feira, 12 de janeiro de 2024

Pedras Vivas

As rochas, as pedras, e as montanhas,
Como almas, esculturas monumentais,
Monolíticos seres, parecem espirituais,
Nestas visões, fascinantes, medonhas!

Assim vejo, nas monolítcas entranhas,
Um lirismo poético, vivo, transcedental 
Pétrea natureza, cinzelada, fenomenal
Erguer aos céus, catedrais tamanhas!

Ah! Um sentimento de fragilidade
Ao contemplar soberba majestade,
Megalíticas, íngremes, enfim,

Paira, me aniquila, poderosamente,
Na pequenez de minha indouta mente
E na ignorância do que será de mim...
                         
🌼🌼🌼

              Surreal Art ©️ Antônio Lídio Gomes


segunda-feira, 4 de dezembro de 2023

Árvora da Vida - Inspirada no Zohar

 Antes de qualquer criação,
E antes da forma acabada;
O Todo na imensidão,
Sem forma e sublimação,

Alma Luzente emanada...
No mundo etéreo, invisível,
Mas pleno da Graça inaudita,
Não tem formato visível;

Mas fala num som inaudível,
Da Graça Suprema e Bendita.
Seu nome transcende à Luz,
Na forma serena mais pura,

Num ponto celeste reluz;
Abrange recria e produz,
Cintila na forma Augusta!
Aquele que É, que Foi e Será,

Na Graça que a vida apraz,
Mistério que ainda será,
Do fogo que não cessará;
Do amor que nutre e que faz.

Fonte que serve a um rio,
Rio que brota e não erra,
Por mares, por tempos a fio;
Que o olho humano não viu,

Por sete canais que descerra...
Abunda em mares profundos,
Nos vales, na grota, na serra,
Tornando assim em dez mundos;

Divinos, plenos, fecundos,
Formosos, lindos, na terra!
Não podem romper e não tornam,
Das águas sagradas infindas,

Pois elas com força transbordam;
No ponto de Luz que retornam,
Às fontes mais puras e lindas!
As formas sublimes ao léu,

Não podem jamais recuar,
Dos dez atributos do céu;
Dos mundos ocultos num véu,
Do Amor que não pode acabar!

(Poesia Inspirada no Zohar, Livro do Esplendor)

A imagem do Homem Perfeito, Adam Kadman, (abaixo do título da poesia) é representado pela Árvore da Vida, que possui uma coluna central e duas outras, uma à sua direita e outra à sua esquerda com suas Séfiras interligadas. Existe uma estreita relação entre as Séfiras da coluna central e as duas colunas opostas, às quais são regidas por três princípios Divinos essenciais: A Vontade Primordial, a Misericórdia (direita) e a Justiça ou o Rigor (esquerda), de forma que a Vontade mantém o equilíbrio entre as atividades destas duas colunas opostas. Enquanto a Misericórdia faz expandir o fluxo da emanação da Força Divina, a Justiça faz contrair, de forma que com a presença deste equilíbrio ocorre a organização dos 10 atributos (Séfiras) neste modelo específico.

Este protótipo chamado a manifestar-se passou a ser designado pelos estudiosos da Doutrina Divina pelo nome de Árvore da Vida, pois a sua compreensão conduz o homem de volta ao Éden perdido.
 



sexta-feira, 1 de dezembro de 2023

Lampejos de Paz

 Nas asas suaves deste silêncio,
Desce a paz em raios dourados...
E no coração, um eco sereno,
Tamborila em tons delicados...

Entre suspiros nessa serenidade,
Canta a paz em melodias calmas,
Na dança suave da eternidade,
Abraça almas em tréguas mansas...

Em campos de sonhos sem fronteiras 
A paz floresce como a suave brisa,
Entre risos que se tornam bandeiras,
Criando laços que o tempo eterniza...



quarta-feira, 8 de novembro de 2023

Última Quimera

Nas noutes frias das dolorosas ilusões,
E nestes sonhos de mórbidos letargos;
Verto os poemas nascidos das afeições,
Verto em prantos, tristonhos, amargos.

E nestes sonhos de tristezas tumulares,
Dentre o chorar plangente dos violinos;
Escuto vozes soturnas d’outros lugares,
Como a entoar ao longe os doces hinos.

Neste momento, sinto a tua fragrância,
Do que foi nosso amor, na exuberância,
Essência da paixão, fruto da primavera.

E para relembrar teus últimos encantos,
As rosas murchas, os lírios e amarantos,
Serão recordações nossa última quimera.





quinta-feira, 2 de novembro de 2023

Brinquedos do Lixo

Os coletores do lixo logo irão chegar. 
O lixo acumulado recolherão bem cedo...
Um menino pobre da rua irá esperar, 
Do condomínio quem sabe um brinquedo. 

Mesmo que seja um utensílio quebrado, 
O pobre menino não vai rejeitar. 
Mesmo uma panela ou um copo usado, 
Pra sua mãe com amor lhe agradar...

Menino descalço, pobre e alegre! 
Que com tão pouco se contenta, 
No entanto para ele tudo é festa! 

O brinquedo que agora foi descartado, 
Um dia presente na vida de outro guri, 
Hoje é um presente ao outro que ri...


 🎁🎁🎁🎁🎁🎁🎁🎁🎁🎁🎁🎁🎁

Escrevi esses versos, inspirado em uma das obras do pintor polonês, Pawel Kuczynski. 

A arte de Pawel Kuczynsnki satiriza de forma explícita e contundente, nossa sociedade ao abordar contradições humanas que abrangem tópicos da vida cotidiana, desde a miséria, a pobreza, o caos social e a política. 

Se observarmos atentamente suas obras, notaremos situações descritas de maneira incisiva, muitas vezes sem a necessidade de palavras. Isso nos convida a refletir profundamente para compreender a mensagem central que o artista deseja transmitir. É uma tarefa desafiadora permanecer indiferente à sua obra, pois ela nos instiga a questionar os valores predominantes na sociedade contemporânea.