segunda-feira, 3 de março de 2025

Morte do Poeta

 Ao fechar meus olhos p’ra sempre,
E estas mãos para sempre parar;
E este corpo na terra em seu ventre,
Quais lembranças de mim vão restar?

Esta vida foi feita com lutas extremas,
Mas com um luto ela vai se encerrar.
Não terei mais os doces poemas,
P’ra minh’alma no além se alegrar...

Tive o amor benfazejo e as delícias,
Mas também meus invernos polares!
Inimigos d’alma e as doces carícias,
D’outros anjos, do céu, d’além mares...

Restará talvez breve lembrança,
Nesta Ode que a alma alcançar...
Talvez seja um alento ou bonança,
Para a alma em que ela tocar...

Só queria uma pedra epitáfio,
Com os versos de amor exaltar!
Deixo porém para o tempo,
O dia e a hora chegar!

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"Morte do Poeta" aborda a reflexão sobre a finitude da vida e o legado que um poeta deixa para trás. As palavras expressam uma mistura de experiências, desafios e momentos de alegria vividos ao longo da vida. A busca por um epitáfio que exalte o amor é uma maneira tocante de imaginar como a memória de alguém pode continuar a brilhar mesmo após a partida. É uma reflexão profunda sobre o significado da vida e da arte.

terça-feira, 11 de fevereiro de 2025

Infinitude

O caos da matéria no vasto infinito arde,
Em estrelas cintilantes no etéreo divino.
Explosões abundam em sua imensidade,
Nos ardentes desejos do eterno destino...

Tamanha visão é este caos atordoante,
Que das nebulosas emitem um fogo halo;
Dão-me pesadelo, quero gritar ofegante,
Suplico acordar, imploro a Deus, não calo!

Misteriosa vastidão do ad infinitum veste,
Tênue penumbra que a matéria esconde,
Vestindo de luto por todo o espaço...

Mistérios vagam pela solidão celeste!
Enclausurados em meus pensamentos,
Aturdido acordo de vez, cada dia renasço...


domingo, 10 de novembro de 2024

Minha Agonia

A dor que rasga, que atormenta e que tortura, 
Que trucida meu corpo e minh’alma inferniza, 
É a dor que me ilumina, é a chama obscura, 
É a dor que não acaba, é a dor que me castiga! 
 

Sinto a dormência, em meu peito magoado 
Transpassado pela dor, em profundo sofrimento 
Sinto tanta dor, em meu corpo alquebrado 
Que em prantos eu procuro, sufocar este lamento 
 

Então peço a Deus que me alivie, Ele me ouvirá? 
Que afaste de mim esse cálice amargo! 
Grito desesperado em vão, quem vai me salvar? 
 

Pelo Vale da Sombra da Morte eu hei de passar 
Só eu e mais ninguém, nessa dor infinita... 
Passarei por ela sim! Quero, devo! Irei triunfar! 
 

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“Yaveh é meu pastor; nada me faltará. 
Faz-me repousar em pastos verdejantes; 
Conduz-me às águas de descanço. 
Elle refrigera a minha alma, 
Guia-me nas veredas da justiça por amor do seu nome. 
Ainda que eu ande pelo valle da sombra da morte, 
Não receiarei mal algum, porque tu és commigo: 
O teu cajado e o teu bordão, elles me confortam. 
Deante de mim preparas uma mesa na presença dos meus inimigos; 
Ungiste com oleo a minha cabeça; o meu calix transborda. 
Unicamente a bondade e a misericórdia 
me seguirão todos os dias da minha vida, 
E habitarei na casa de Yaveh por longos dias” 
(PSALMOS 23) 
 


 

domingo, 18 de agosto de 2024

Bela Adormecida

 Esta formosura entre flores adornada,
Tão graciosa, adormecida, refulgente,
No aconchego destas rosas enfeitada;
É uma beleza, desgraçada e inocente!

Eis esta dor transformada num lamento,
Que da alma enlutada nesta dedicatória,
Faz deste poema vertido em sofrimento;
Faz das lágrimas o fim de nossa história 

Pois com sonhos de amor que acalentei,
Com as flores mais bonitas que ofertei,
E nesses enlevos divinais e esfuziantes,

Fiz preces pra adornar os seus caminhos,
Com louvores, com lirismos e os carinhos,
E este amor mais profundo do que antes...



sexta-feira, 19 de janeiro de 2024

Dor e Sofrimento

Sina dos homens, a dor e sofrimento,
É como espinho que fende o coração, 
Ainda que a vida seja como tormento,
Eis que por ela, muitos não passarão...

Eis que a dor permeia por todo canto,
Pois a vida, de frente é descortinada;
Os espinhos na carne geram o pranto,
Que vão cessar no fim dessa jornada...

Na agonia, o sangue da mão ferida,
Da geração, passada, não esquecida,
Vai ao chão e finda todos os sonhos...

Quando tudo parece uma eternidade,
E quando a vida mostra a realidade, Restará, o alento dos céus risonhos!

       Surreal Art ©️ Antônio Lídio Gomes 

quinta-feira, 18 de janeiro de 2024

Amigo Leal

Foste irmão, companheiro e sincero...
Amigo, quando foi que nós nos víamos,
Todas as vezes que o amor dividíamos,
Ao arrebatar-me do abissal mortífero?

E em tua bondade, amigo herói e leal,
Rompeste dificuldades, dividia o pão;
No auge das festas, e da míope ilusão,
Na febre medonha, do delírio mortal...

Ouço, não acredito, duvido, choro!
Da voz do infortúnio, silente, desabo!
Fecho os olhos, a dor enluta, oro...

Amarga tristeza nessa desgraçada luta...
Perdi o irmão para a cabalística Morte!
Hei de beber o fel, à ele coube cicuta...

         

quarta-feira, 17 de janeiro de 2024

Anseios

 Ardia n'alma os instintos racionais
E os anseios pelo enigma do futuro
–As respostas que na vida inda procuro
No entanto para mim fundamentais

Eis que outrora, andarilho pelo mundo
No martírio, como outrora foi o Cristo
Mas na terra como Judas fui proscrito
Com as chagas, rejeitado, moribundo

Inda lembro das migalhas na mesa,
Aquelas onde Cristo desdenhou;
As sobras que o faminto não provou

Mas essa obstinação fortalecida
Com a toda fé, de alma e coração
É a centelha, que inspira essa oração!