domingo, 7 de setembro de 2025

A Lagosta do Civilização

Do Éon turvo, em gruta de úmida lapa,
E um crustáceo, de pinça, vil, astuta,
Era o alimento, que só o instinto capta,
Na fome atróz que a vida nos imputa.

​Sem talher, na mão o gume adapta,
A carne arranca, em dor, mas resoluta,
A fera humana, que à morte não escapa,
Trincava o ser, tamanha força bruta.

Eis que o Século em Paris se alteia!
Em belo prato, espeita a iguaria,
Era a lagosta, servida em fina ceia.

​Ah! Se o bruto, selvagem, caricato,
Ali surgisse, voraz em seu instinto,
O menu chique, seria um tolo ato...

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Essa é uma cena fascinante! Misturar um ambiente de alta cultura com o instinto puro da sobrevivência resultaria em uma cena que seria ao mesmo tempo hilária, confusa e reveladora.
​A cena mais provável seria de um completo choque entre instinto e ritual.
​O ser pré-histórico, ao entrar no restaurante, não veria a decoração luxuosa, as mesas arrumadas ou a música suave. Ele sentiria o cheiro da comida. Sua única preocupação seria a necessidade biológica de se alimentar. Quando a lagosta fosse colocada em seu prato, ele a reconheceria imediatamente como uma fonte de alimento, mas o resto seria pura confusão.
​A Cena em Detalhes
​Ignorando o Ritual: O garçom apresentaria o prato com elegância, mas o ser pré-histórico não faria a menor ideia do que fazer com os talheres e o quebra-nozes. Seu instinto mais forte diria: "Use a ferramenta mais eficaz que você tem", e essa ferramenta seriam suas mãos.
​O Ataque à Lagosta: Sem hesitar, ele pegaria a lagosta com as duas mãos. As outras pessoas na mesa e nos arredores se entreolhariam, chocadas. Ele usaria a força bruta para arrancar as pinças e a cauda. O som de uma lagosta sendo quebrada de forma violenta em um ambiente silencioso seria ensurdecedor.
​Comendo sem Etiqueta: Ele arrancaria a carne de dentro da casca e a devoraria sem usar prato, garfo ou guardanapo. Haveria estalos, talvez respingos. Para ele, o objetivo seria simplesmente ingerir o alimento o mais rápido possível.
​A Reação do Público: Os outros clientes ficariam atônitos. O garçom provavelmente correria para buscar um balde de gelo ou tentar intervir, mas o ser pré-histórico estaria completamente focado na tarefa. Para ele, os olhares assustados e os sussurros seriam insignificantes.
​Análise da Cena
​A cena mais provável seria a de um triunfo do instinto sobre a civilização. O ser pré-histórico alcançaria seu objetivo de comer a lagosta, mas o faria de uma forma que desafiaria e destruiria completamente todas as regras e rituais que a sociedade construiu ao longo de milênios. Seria uma prova de que, no fundo, a necessidade de se alimentar é universal, enquanto as maneiras de fazê-lo são apenas invenções culturais. A única diferença, no fim, é que ele estaria satisfeito, e todos os outros estariam em choque.



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