segunda-feira, 4 de dezembro de 2023

Árvora da Vida - Inspirada no Zohar

 Antes de qualquer criação,
E antes da forma acabada;
O Todo na imensidão,
Sem forma e sublimação,

Alma Luzente emanada...
No mundo etéreo, invisível,
Mas pleno da Graça inaudita,
Não tem formato visível;

Mas fala num som inaudível,
Da Graça Suprema e Bendita.
Seu nome transcende à Luz,
Na forma serena mais pura,

Num ponto celeste reluz;
Abrange recria e produz,
Cintila na forma Augusta!
Aquele que É, que Foi e Será,

Na Graça que a vida apraz,
Mistério que ainda será,
Do fogo que não cessará;
Do amor que nutre e que faz.

Fonte que serve a um rio,
Rio que brota e não erra,
Por mares, por tempos a fio;
Que o olho humano não viu,

Por sete canais que descerra...
Abunda em mares profundos,
Nos vales, na grota, na serra,
Tornando assim em dez mundos;

Divinos, plenos, fecundos,
Formosos, lindos, na terra!
Não podem romper e não tornam,
Das águas sagradas infindas,

Pois elas com força transbordam;
No ponto de Luz que retornam,
Às fontes mais puras e lindas!
As formas sublimes ao léu,

Não podem jamais recuar,
Dos dez atributos do céu;
Dos mundos ocultos num véu,
Do Amor que não pode acabar!

(Poesia Inspirada no Zohar, Livro do Esplendor)

A imagem do Homem Perfeito, Adam Kadman, (abaixo do título da poesia) é representado pela Árvore da Vida, que possui uma coluna central e duas outras, uma à sua direita e outra à sua esquerda com suas Séfiras interligadas. Existe uma estreita relação entre as Séfiras da coluna central e as duas colunas opostas, às quais são regidas por três princípios Divinos essenciais: A Vontade Primordial, a Misericórdia (direita) e a Justiça ou o Rigor (esquerda), de forma que a Vontade mantém o equilíbrio entre as atividades destas duas colunas opostas. Enquanto a Misericórdia faz expandir o fluxo da emanação da Força Divina, a Justiça faz contrair, de forma que com a presença deste equilíbrio ocorre a organização dos 10 atributos (Séfiras) neste modelo específico.

Este protótipo chamado a manifestar-se passou a ser designado pelos estudiosos da Doutrina Divina pelo nome de Árvore da Vida, pois a sua compreensão conduz o homem de volta ao Éden perdido.
 



sexta-feira, 1 de dezembro de 2023

Lampejos de Paz

 Nas asas suaves deste silêncio,
Desce a paz em raios dourados...
E no coração, um eco sereno,
Tamborila em tons delicados...

Entre suspiros nessa serenidade,
Canta a paz em melodias calmas,
Na dança suave da eternidade,
Abraça almas em tréguas mansas...

Em campos de sonhos sem fronteiras 
A paz floresce como a suave brisa,
Entre risos que se tornam bandeiras,
Criando laços que o tempo eterniza...



quarta-feira, 8 de novembro de 2023

Última Quimera

Nas noutes frias das dolorosas ilusões,
E nestes sonhos de mórbidos letargos;
Verto os poemas nascidos das afeições,
Verto em prantos, tristonhos, amargos.

E nestes sonhos de tristezas tumulares,
Dentre o chorar plangente dos violinos;
Escuto vozes soturnas d’outros lugares,
Como a entoar ao longe os doces hinos.

Neste momento, sinto a tua fragrância,
Do que foi nosso amor, na exuberância,
Essência da paixão, fruto da primavera.

E para relembrar teus últimos encantos,
As rosas murchas, os lírios e amarantos,
Serão recordações nossa última quimera.





quinta-feira, 2 de novembro de 2023

Brinquedos do Lixo

Os coletores do lixo logo irão chegar. 
O lixo acumulado recolherão bem cedo...
Um menino pobre da rua irá esperar, 
Do condomínio quem sabe um brinquedo. 

Mesmo que seja um utensílio quebrado, 
O pobre menino não vai rejeitar. 
Mesmo uma panela ou um copo usado, 
Pra sua mãe com amor lhe agradar...

Menino descalço, pobre e alegre! 
Que com tão pouco se contenta, 
No entanto para ele tudo é festa! 

O brinquedo que agora foi descartado, 
Um dia presente na vida de outro guri, 
Hoje é um presente ao outro que ri...


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Escrevi esses versos, inspirado em uma das obras do pintor polonês, Pawel Kuczynski. 

A arte de Pawel Kuczynsnki satiriza de forma explícita e contundente, nossa sociedade ao abordar contradições humanas que abrangem tópicos da vida cotidiana, desde a miséria, a pobreza, o caos social e a política. 

Se observarmos atentamente suas obras, notaremos situações descritas de maneira incisiva, muitas vezes sem a necessidade de palavras. Isso nos convida a refletir profundamente para compreender a mensagem central que o artista deseja transmitir. É uma tarefa desafiadora permanecer indiferente à sua obra, pois ela nos instiga a questionar os valores predominantes na sociedade contemporânea.

quarta-feira, 25 de outubro de 2023

Morada Celestial — Meu tributo à João da Cruz e Sousa

 Lá, no negrume etéreo das jornadas,
Onde os anjos antecedem aos mortais;
Lugar, que dos deuses são moradas,
Regiões celestes dos tronos de cristais!

Lá, no vasto sideral espesso e místico,
Do cosmo gasoso, infinito e fulgurante;
Floresce a paz de um mundo cabalístico,
Uma dádiva de Deus, sublime radiante!

Lá, na plenitude deste mundo sideral,
Do sagrado fogo, do amor divino santo;
Dos desejos d’alma, do celeste abrigo,

Habita a plenitude, soberana e imortal,
Com as luzes gloriosas de um encanto,
Etérea plaga, sem pecado, sem castigo...


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João da Cruz e Sousa nasceu em Desterro, atual Florianópolis, capital da então província de Santa Catarina, no dia 24 de Novembro de 1862. Era filho dos negros alforriados, Guilherme da Cruz, mestre-pedreiro, e Carolina Eva da Conceição. Portanto trazia consigo, o sangue sem mescla de suas raízes africanas. Mas as circunstâncias proporcionaram para que Cruz e Sousa fosse amparado na infância, por uma família de linhagem fidalga, onde recebeu a tutela e uma educação refinada de seu ex-senhor, o Marechal Guilherme Xavier de Sousa – de quem adotou o nome de família, Sousa. Amparado por essa família, estudou francês, latim e grego, além de ter sido discípulo do alemão Fritz Müller, com quem estudou Matemática e Ciências Naturais.

Nos seus trinta e seis anos de existência, peregrinou por todo um período de experiência de agruras e sofrimentos. É claro que pelo fato de ser negro em sua época, o sofrimento fora ainda maior. Em 1881, dirigiu o jornal Tribuna Popular, no qual combateu a escravidão e o preconceito racial. Em 1883, foi recusado como promotor de Laguna.

Em 1885 lançou o primeiro livro, Tropos e Fantasias em parceria com Virgílio Várzea.

Após longas peregrinações pelo norte e sul do país, aportou na cidade do Rio de Janeiro, onde trabalhou como arquivista na Estrada de Ferro Central do Brasil, colaborando também com o jornal Folha Popular. Em Fevereiro de 1893, publica Missal (prosa poética) e em agosto, Broquéis (poesia), dando início ao Simbolismo no Brasil que se estende até 1922. Em novembro desse mesmo ano casou-se com Gavita Gonçalves, também negra. Viu a mulher enlouquecer, pelo fato de seus quatro filhos morrerem vítimas de tuberculose. Sofreu miséria, amargou ultrajes.

Morreu a 19 de Março de 1898, na cidade de Sítio, Minas Gerais, para onde fora levado as pressas vencido pela tuberculose.

Escrevi Morada Celestial, inspirado nesse ilustre poeta, um de meus prediletos.

terça-feira, 24 de outubro de 2023

Etérea Conexão

 Esta visão, encanta e transcendentaliza,
Divina transfiguração pulsam ao brilhar.
No apogeu do amor que unge e diviniza,
Contemplo essa luz, pelo mundo irradiar!

Que poder é esse, que cativa e encanta, 
Fluindo dali como a fonte de inspiração;
A fonte primordial, divina e sacrossanta
Que fazem do Todo, sonora consagração...

Fonte primordial da etérea  construção!
Glória celestial, obra prima da natureza,
Soturno esplendor, do poeta, inspiração!

Magnificentes pilastras, obras  da criação,
De cósmica substância, irradiando beleza,
Serenamente pelo espaço, vaga na sólidão!

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Nosso mundo e suas orbes, como uma nave-mãe, vagueia pelo infinito, carregando dentro de si um vasto universo multicultural... Quando o ser humano, o poeta, expressa o que de mais profundo há em sua alma, a natureza se torna uma arte que transcende ad infinitum.




sábado, 21 de outubro de 2023

Flor da Paz

Sob o céu da Palestina, 
A terra sofre, o fogo consome...
A fumaça é o cenário,
No cenário dos conflitos, 
De dores e aflição;
Das lágrimas derramadas, 
Dos sonhos que se perderam,
Que a guerra destruiu
E a esperança ruiu ao chão...

Sob o céu de Jerusalém,
De histórias entrelaçadas;
De Culturas milenares, 
Mas de vidas desconsoladas
Com dores no coração 
Das bombas e estilhaços 
Causando destruição.

Pois os sonhos emergem das ruínas, 
As palavras ecoam de vozes amordaçadas, 
Nossas dores não toca os corações vazios,
—Não desejamos meramente sobreviver,
Aguardo sim, uma luz no final do horizonte...

—A paz é a semente de uma flor!
Que seja semeada e colhida,
Tanto na Palestina como Israel,
Para curar todas as feridas,
As dores, os conflitos, o sofrimento...
—Que a paz conceda-nos essa flor!


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Não é o mundo que precisa de paz, são as pessoas. Quando as pessoas a alcançarem, o mundo estará em paz.” Essas sábias palavras são de Prem Rawat.

Num mundo onde a Paz é almejada, cantada e versejada, ela nunca se pareceu tanto com Jerusalém...

A Paz parece inalcançável e inatingível. Apesar de todas as pessoas e de todos os credos professar uma fé, ou praticar uma religião, elas se lançarão umas contra as outras, para defender os interesses de sua pátria ou de uma causa. Seja cristão contra cristão, judeu contra judeu, muçulmano contra muçulmano... É irônico que assim seja... Porém aqui vejo Hamas e Israel.

Ninguém quer mais um Holocausto, ou como dizem os judeus, uma Shoá.

Não será somente com palavras e boas intenções que alcançaremos a paz. Ela tem de começar dentro de nós.

Tem de partir não só de israelenses, palestinos, árabes, brasileiros ou japoneses. 

Tem de começar com governantes, líderes de cada religião, de cada reduto, de cada facção...

A Paz só acontece quando houver tolerância, compreensão e respeito. A partir do instante que cada um reconhecer que somos peças interligadas e dependentes uma das outras, aí nascerá a Paz.

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