sexta-feira, 1 de dezembro de 2023

Lampejos de Paz

 Nas asas suaves deste silêncio,
Desce a paz em raios dourados...
E no coração, um eco sereno,
Tamborila em tons delicados...

Entre suspiros nessa serenidade,
Canta a paz em melodias calmas,
Na dança suave da eternidade,
Abraça almas em tréguas mansas...

Em campos de sonhos sem fronteiras 
A paz floresce como a suave brisa,
Entre risos que se tornam bandeiras,
Criando laços que o tempo eterniza...



quarta-feira, 8 de novembro de 2023

Última Quimera

Nas noutes frias das dolorosas ilusões,
E nestes sonhos de mórbidos letargos;
Verto os poemas nascidos das afeições,
Verto em prantos, tristonhos, amargos.

E nestes sonhos de tristezas tumulares,
Dentre o chorar plangente dos violinos;
Escuto vozes soturnas d’outros lugares,
Como a entoar ao longe os doces hinos.

Neste momento, sinto a tua fragrância,
Do que foi nosso amor, na exuberância,
Essência da paixão, fruto da primavera.

E para relembrar teus últimos encantos,
As rosas murchas, os lírios e amarantos,
Serão recordações nossa última quimera.





quinta-feira, 2 de novembro de 2023

Brinquedos do Lixo

Os coletores do lixo logo irão chegar. 
O lixo acumulado recolherão bem cedo...
Um menino pobre da rua irá esperar, 
Do condomínio quem sabe um brinquedo. 

Mesmo que seja um utensílio quebrado, 
O pobre menino não vai rejeitar. 
Mesmo uma panela ou um copo usado, 
Pra sua mãe com amor lhe agradar...

Menino descalço, pobre e alegre! 
Que com tão pouco se contenta, 
No entanto para ele tudo é festa! 

O brinquedo que agora foi descartado, 
Um dia presente na vida de outro guri, 
Hoje é um presente ao outro que ri...


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Escrevi esses versos, inspirado em uma das obras do pintor polonês, Pawel Kuczynski. 

A arte de Pawel Kuczynsnki satiriza de forma explícita e contundente, nossa sociedade ao abordar contradições humanas que abrangem tópicos da vida cotidiana, desde a miséria, a pobreza, o caos social e a política. 

Se observarmos atentamente suas obras, notaremos situações descritas de maneira incisiva, muitas vezes sem a necessidade de palavras. Isso nos convida a refletir profundamente para compreender a mensagem central que o artista deseja transmitir. É uma tarefa desafiadora permanecer indiferente à sua obra, pois ela nos instiga a questionar os valores predominantes na sociedade contemporânea.

quarta-feira, 25 de outubro de 2023

Morada Celestial — Meu tributo à João da Cruz e Sousa

 Lá, no negrume etéreo das jornadas,
Onde os anjos antecedem aos mortais;
Lugar, que dos deuses são moradas,
Regiões celestes dos tronos de cristais!

Lá, no vasto sideral espesso e místico,
Do cosmo gasoso, infinito e fulgurante;
Floresce a paz de um mundo cabalístico,
Uma dádiva de Deus, sublime radiante!

Lá, na plenitude deste mundo sideral,
Do sagrado fogo, do amor divino santo;
Dos desejos d’alma, do celeste abrigo,

Habita a plenitude, soberana e imortal,
Com as luzes gloriosas de um encanto,
Etérea plaga, sem pecado, sem castigo...


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João da Cruz e Sousa nasceu em Desterro, atual Florianópolis, capital da então província de Santa Catarina, no dia 24 de Novembro de 1862. Era filho dos negros alforriados, Guilherme da Cruz, mestre-pedreiro, e Carolina Eva da Conceição. Portanto trazia consigo, o sangue sem mescla de suas raízes africanas. Mas as circunstâncias proporcionaram para que Cruz e Sousa fosse amparado na infância, por uma família de linhagem fidalga, onde recebeu a tutela e uma educação refinada de seu ex-senhor, o Marechal Guilherme Xavier de Sousa – de quem adotou o nome de família, Sousa. Amparado por essa família, estudou francês, latim e grego, além de ter sido discípulo do alemão Fritz Müller, com quem estudou Matemática e Ciências Naturais.

Nos seus trinta e seis anos de existência, peregrinou por todo um período de experiência de agruras e sofrimentos. É claro que pelo fato de ser negro em sua época, o sofrimento fora ainda maior. Em 1881, dirigiu o jornal Tribuna Popular, no qual combateu a escravidão e o preconceito racial. Em 1883, foi recusado como promotor de Laguna.

Em 1885 lançou o primeiro livro, Tropos e Fantasias em parceria com Virgílio Várzea.

Após longas peregrinações pelo norte e sul do país, aportou na cidade do Rio de Janeiro, onde trabalhou como arquivista na Estrada de Ferro Central do Brasil, colaborando também com o jornal Folha Popular. Em Fevereiro de 1893, publica Missal (prosa poética) e em agosto, Broquéis (poesia), dando início ao Simbolismo no Brasil que se estende até 1922. Em novembro desse mesmo ano casou-se com Gavita Gonçalves, também negra. Viu a mulher enlouquecer, pelo fato de seus quatro filhos morrerem vítimas de tuberculose. Sofreu miséria, amargou ultrajes.

Morreu a 19 de Março de 1898, na cidade de Sítio, Minas Gerais, para onde fora levado as pressas vencido pela tuberculose.

Escrevi Morada Celestial, inspirado nesse ilustre poeta, um de meus prediletos.

terça-feira, 24 de outubro de 2023

Etérea Conexão

 Esta visão, encanta e transcendentaliza,
Divina transfiguração pulsam ao brilhar.
No apogeu do amor que unge e diviniza,
Contemplo essa luz, pelo mundo irradiar!

Que poder é esse, que cativa e encanta, 
Fluindo dali como a fonte de inspiração;
A fonte primordial, divina e sacrossanta
Que fazem do Todo, sonora consagração...

Fonte primordial da etérea  construção!
Glória celestial, obra prima da natureza,
Soturno esplendor, do poeta, inspiração!

Magnificentes pilastras, obras  da criação,
De cósmica substância, irradiando beleza,
Serenamente pelo espaço, vaga na sólidão!

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Nosso mundo e suas orbes, como uma nave-mãe, vagueia pelo infinito, carregando dentro de si um vasto universo multicultural... Quando o ser humano, o poeta, expressa o que de mais profundo há em sua alma, a natureza se torna uma arte que transcende ad infinitum.




sábado, 21 de outubro de 2023

Flor da Paz

Sob o céu da Palestina, 
A terra sofre, o fogo consome...
A fumaça é o cenário,
No cenário dos conflitos, 
De dores e aflição;
Das lágrimas derramadas, 
Dos sonhos que se perderam,
Que a guerra destruiu
E a esperança ruiu ao chão...

Sob o céu de Jerusalém,
De histórias entrelaçadas;
De Culturas milenares, 
Mas de vidas desconsoladas
Com dores no coração 
Das bombas e estilhaços 
Causando destruição.

Pois os sonhos emergem das ruínas, 
As palavras ecoam de vozes amordaçadas, 
Nossas dores não toca os corações vazios,
—Não desejamos meramente sobreviver,
Aguardo sim, uma luz no final do horizonte...

—A paz é a semente de uma flor!
Que seja semeada e colhida,
Tanto na Palestina como Israel,
Para curar todas as feridas,
As dores, os conflitos, o sofrimento...
—Que a paz conceda-nos essa flor!


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Não é o mundo que precisa de paz, são as pessoas. Quando as pessoas a alcançarem, o mundo estará em paz.” Essas sábias palavras são de Prem Rawat.

Num mundo onde a Paz é almejada, cantada e versejada, ela nunca se pareceu tanto com Jerusalém...

A Paz parece inalcançável e inatingível. Apesar de todas as pessoas e de todos os credos professar uma fé, ou praticar uma religião, elas se lançarão umas contra as outras, para defender os interesses de sua pátria ou de uma causa. Seja cristão contra cristão, judeu contra judeu, muçulmano contra muçulmano... É irônico que assim seja... Porém aqui vejo Hamas e Israel.

Ninguém quer mais um Holocausto, ou como dizem os judeus, uma Shoá.

Não será somente com palavras e boas intenções que alcançaremos a paz. Ela tem de começar dentro de nós.

Tem de partir não só de israelenses, palestinos, árabes, brasileiros ou japoneses. 

Tem de começar com governantes, líderes de cada religião, de cada reduto, de cada facção...

A Paz só acontece quando houver tolerância, compreensão e respeito. A partir do instante que cada um reconhecer que somos peças interligadas e dependentes uma das outras, aí nascerá a Paz.

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terça-feira, 17 de outubro de 2023

Do Cativeiro para a Liberdade

Um pássaro na gaiola 
Canta a triste sorte!
O céu lhe foi negado
Nem mesmo o vento forte.

Canta o passarinho,
Para o algoz lhe agradar
Canta o passarinho,
Todo dia sem parar...

Canta a triste alma, 
O pássaro engaiolado,
Canta a triste sina, 
Na redoma enclausurado

Canta o passarinho,
E gorgeia ora inquieto, 
Mal sabe o bichinho
Que jamais será liberto...

O algoz não quer saber, 
Se canta com alegria.
O algoz não quer saber, 
Se canta amargurado;

Imerso na ignorância, 
O algoz no doce lar,
Só sabe que o passarinho, 
Canta  pra lhe agradar...

Porém o bicho homem, 
Numa jaula não quer viver.
Nem mesmo o seu filhinho, 
Numa jaula quer lhe deixar.

No entanto o passarinho, 
Bicho homem quer lhe podar,
O céu na amplidão, 
Para o pássaro voar...

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Um pixarro foi abandonado por seu dono. Vivia numa gaiola bem pequena e apertada. Tentamos em vão, libertar o bichinho. O pássaro por já estar condicionado há muito tempo naquele  ambiente, já nem sabia o que era voar, apenas saltitava pelo chão, por mais que tentássemos soltá-lo de uma altura para alçar vôo. Nada...  Construímos então para ele, um viveiro enorme, que meus filhos apelidaram de "a mansão do Paco", com direto inclusive à uma bela "varanda". Tentamos soltar mais uma vez, porém o bichinho não foi. E assim ficou na mansão viveiro, ampla e arejada, com direito à contemplar as árvores bem de perto. Um dia se foi. Para mim, liberto desta prisão.

Escrevi esses versos por entender que essa questão dá muito debate.  Particularmente sou contra o aprisionamento de pássaros que estão ali apenas para satisfazer o ego de muitos.